Primeiro Capítulo: A Casa da História

“Jamais uma história única será contada como se fosse a única.”
John Berger

Arundhat Roy, escritora de origem indiana, editou em 1997 um romance, em jeito de Cem Anos de Solidão, intitulado O Deus das Pequenas Coisas, no qual, antes de iniciar a sua narração, dedica uma página inteira a esta citação de John Berger। Com ela (a citação), vejo-me a viajar por entre caras e pessoas, risos e gargalhadas, alegria e diversão, brincadeiras e conversas…por entre as memórias de uma semana, simplesmente, incrível.


Sinceramente, enquanto aguardava, com muito pouca paciência, pela afixação das listas de colocação, passei muitos dos meus dias a ponderar se iria conseguir adaptar-me a esse novo mundo que é a faculdade। Rasguei horas a pensar se iria conseguir conhecer novas pessoas e se, algum dia, elas iriam gostar de mim. Perdi-me pelas histórias de praxes que adulteraram a história, o significado, a importância e a diversão deste costume especial tão convencional em muitas das faculdades portuguesas, no que toca a receber os caloiros. Contudo, no dia 2 de Outubro (data histórica), apesar do meu receio, vi-me emaranhado num grupo de caloiros especial em todos os sentidos. Cada um único em toda a sua singularidade…cada um disposto a partilhar o melhor de si com um conjunto de desconhecidos…cada um a perder-se por entre brincadeiras e partidas, interrompidas em risos e sorrisos…cada um a ser pilar numa ponte que nos ligava ao universo académico.

Ao fim de uma semana, compreendi o que era a grande instituição em que me encontrava (a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa)। Percebi que não era apenas um caloiro, mas sim parte integrante de um espírito que atravessou gerações até aos dias de hoje. Vi o brilho nos olhos de todos os que me rodeavam, repletos de satisfação por não estarem noutro sítio a não ser ali, na presença uns dos outros. Encontrei pessoas que trazem em si o melhor que o ser humano tem para oferecer. Fiz laços de amor com todos eles. Criei uma família para ficar timbrada nas páginas da vida.

Por isso, hoje nasce este blog. Para partilhar, com quem quiser conhecer, os passos que “o melhor grupo de caloiros que a faculdade tem em 5 anos” dá em viagens interditas…para recordar e, quem sabe, honrar esta caminhada diária no passeio dos prodígios, na qual iremos crescer, aprender, viver, lutar, vencer e amar cada dia que temos dentro daquela Casa de História.

Aqui começa a visita pelo Passeio dos Prodígios!

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